Race
feature: são paulo’s mercado negra project enables afro-brazilian female entrepreneurs with fair wage and business ownership opportunities
Mercado Negra is an initiative that has created by Dara Ribeiro, Ketty Valencio and Mariana Mári, as a spaces that encourages black women to create, produce and sell their products which as strengthened economic relations within the black community in São Paulo. The project operates as a fair trade-like model where the only cost to exhibit their products is a symbolic price for the space maintained. The rest of the earnings are theirs.
In Brazil, black people still earn just 61% of non-black people`s wages, according to surveys of 2013. However, from 2002 to 2011, the average income of black workers in the metropolitan region of São Paulo increased by five times compared to non-black people income. If, on the one hand, this has a positive impact, on the other, this income always comes back to business conducted by rich white people, through consumption. In Brazil, most of the black and poor people have no resources or incentives to entrepreneur and make the economy work for their community.
In São Paulo, black women can hardly exhibit their products at major trade fairs because of the high fees charged, plus other costs, which are just out of many vendor’s budgets. Mercado Negra offers a solution. The project organizers had the idea from their own experience because they also lead the independent brands Livraria Africanidades (Ketty Valencio) Eparrei (Dara Ribeiro) and Heroicas (Mariana Mari). Mercado Negra has been possible with the help of Lapeju Bar, which also supports cultural initiatives of the black community.
According to Ketty Valencio, the event goes beyond strengthening creative production within the black community. “In addition to promoting financial circulation among us, there is a whole cultural and social action in the project. Mercado Negra became a space where black women form conversations circles, make new friends and feel free to share experiences with each other”, she says. Dara Ribeiro adds: “The idea is to combat the invisibility of black women. When a black woman wears a shirt with the print “I, black woman, resist”, it shows that she feels empowerment on doing it, she feels proud to be female and black. Mercado Negra actions ended up turning into an appreciation of the black woman image.”
Another phenomenon that happens when there is more production by black people is the extolling of the black aesthetic, since most products are made for Afro-Brazilians, both physically and culturally. On this, Mariana Mari says: “I believe that there are steps for individual empowerment and the advancement of these steps is closely linked to the appreciation of the black aesthetic. When I’m not feeling good about myself, I can’t do much for the movement. So I believe a lot on individual empowerment. First you start to love yourself, to look at ourself in another way as black woman, to feel beautiful and well represented. This gives us a force that helps us to fight. So the aesthetic appreciation can be a kick to help black women to immerse themselves in other deeper issues.
—- PORTUGUÊS:
Criado por Dara Ribeiro, Ketty Valencio e Mariana Mari, o Mercado Negra é uma iniciativa que tem criado espaços para incentivar mulheres negras a criarem, produzirem e venderem seus produtos e, assim, tem fortalecido relações econômicas dentro da comunidade negra. O projeto é uma feira onde mulheres podem expor seus produtos pagando apenas um valor simbólico de manutenção do espaço.
No Brasil, pessoas negras ainda recebem o equivalente a apenas 61% dos salários dos não-negros, de acordo com pesquisas de 2013. Porém, de 2002 a 2011, a renda média dos trabalhadores negros na região metropolitana de São Paulo cresceu cinco vezes mais do que a dos não-negros: 14,8% e 2,9%, respectivamente. Se, por um lado, isso tem impacto positivo, por outro, essa renda acaba voltando para negócios conduzidos por pessoas brancas e ricas, através do consumo. No Brasil, a maioria da população negra e pobre não tem recursos ou incentivos para empreender e fazer a economia trabalhar a favor de sua comunidade.
Pensando nisso foi que Ketty, Dara e Mariana começaram o Mercado Negra. Em São Paulo, mulheres negras dificilmente conseguem expor seus produtos em grandes feiras porque o valor cobrado, além de outros custos, é maior do que elas podem pagar. Então, o Mercado Negra possibilita que isso aconteça. As organizadoras do projeto tiveram a ideia a partir de sua própria experiência porque elas também lideram as marcas independentes Livraria Africanidades (Ketty Valencio), Eparrei (Dara Ribeiro) e Heroicas (Mariana Mari). O Mercado Negra tem sido possível com ajuda do Lapeju Bar, que também apoia iniciativas culturais da comunidade negra.
Segundo Ketty Valencio, o evento vai além do fortalecimento da produção criativa da comunidade negra. “Além de promover a circulação financeira entre nós, existe toda uma ação cultural e social no projeto. O Mercado Negra acabou se tornando um espaço onde mulheres negras formam rodas de conversas, fazem novas amizades e se sentem livres para compartilhar experiências entre si”, ela diz. Dara Ribeiro completa: “A ideia é combater a invisibilidade da mulher negra. Quando uma mulher negra usa uma camiseta com a estampa “Eu, mulher negra, resisto”, isso mostra que ela sente nisso empoderamento, orgulho por ser mulher e negra. As ações do Mercado Negra acabam se transformando também em uma valorização da imagem da mulher negra”.
Outro fenômeno que acontece com uma maior produção criativa feita por pessoas negras, é a valorização da estética negra, uma vez que a maioria dos produtos é voltado para afrobrasileiros, tanto física quanto culturalmente. Sobre isso, Mariana Mari diz: “Acredito que existem etapas de empoderamento individual e o avanço dessas etapas está muito ligado à valorização da estética negra. Quando eu não estou bem comigo mesma, eu não tenho como contribuir muito com o movimento. Por isso eu acredito muito no empoderamento individual. Primeiro você passa a se amar, a se olhar de outra maneira como mulher negra, a se sentir bonita, bem representada. Isso dá uma força que nos ajuda a lutar. Então, a valorização estética pode ser um pontapé para ajudar mulheres negras a mergulharem em outras questões mais profundas.
By Robin Batista*, AFROPUNK contributor
LUANA, PRESENTE: the signs are about a tribute to Luana Reis, a black, lesbian woman beaten and killed by policemen last month in São Paulo. See more pictures by Fridas Photos here.
*Robin Batista is a Brazilian designer and AFROPUNK’s contributor. Follow him on Facebook and Instagram.
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