Politics

op-ed: rio’s olympic games legacy will be that of a humanitarian catastrophe – in english & portuguese

July 22, 2016

When Rio de Janeiro was elected in 2009 to host the 2016 Olympic Games, the authorities then said one of the event’s legacy would be a safer city for all. But less than a month for the beginning of the games, the practical effect has signaled that what comes ahead is a humanitarian catastrophe.

From 2009 now, around 2500 people were killed by the police only in Rio, and very few cases have been properly judged. The same security policies applied in the games of the 2014 World Cup are being implemented for the games this year. The result of this strategy was the increase in killings and human rights violations since then in the city. The Amnesty International report on the situation, entitled “Violence has no place in these Games!” shows that in 2014 645 people were killed in police operations and another 100 already in 2016. The vast majority of these people are young, black, poor boys.

To perform operations in favelas, where the state assumes that are the greatest threat to the peace of the event, the authorities have announced that 65,000 police officers and 20,000 soldiers of the Armed Forces will be involved in the security of the Olympic Games. It is the largest police operation in Brazil’s history and we know that the security provided will be for some white foreigners and rich, at the expense of the mass murder of young black men seen by governments and police as a potential danger.

Historically, the Brazilian state was designed and created to protect the interests of white elites, and the exploitation and extermination of the black and indigenous people has always been seen as the standard operation of the public policies implemented by the various governments that have led the police forces. 2016 for the black people of Rio de Janeiro, will be remembered as another year of massacre and all demonstrations against this genocide will be brutally suppressed, as they were in 2014 or even worse.

Some rumors of possible ISIS terrorist attacks during the games has alarmed some people. But I remember that Brazilian police kills more than any other police force in the world and its main target are black and young bodies. Unfortunately, we have here the terrorists who murder us every year.
What we ask is that you, sisters and brothers from other countries, beyond watching the games, pay some attention to what will happen also, if not mainly, outside the stadiums, in the streets and favelas. The security plans announced give clues of a wave of human rights abuses and murders in police operations on the grounds of combating terrorism. More than ever, black people in Brazil will need your solidarity and support.

Our struggle is one. Black lives, in Brazil and worldwide, matters!

– Read the Amnesty International report on the Olympic Games: “Violence has no place in these Games!”

—- PORTUGUESE:

Quando o Rio de Janeiro foi eleito em 2009 para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, as autoridades públicas logo disseram que um dos legados do evento seria uma cidade mais segura para todos. Mas, há menos de um mês para o início dos jogos, os efeitos práticos tem dado sinais de que o que vem pela frente é uma catástrofe humanitária. De 2009 para cá, por volta de 2500 pessoas foram assassinadas pela polícia apenas no Rio, e pouquíssimos casos chegaram a ser apropriadamente julgados. As mesmas políticas públicas de segurança aplicadas nos jogos da Copa do Mundo de 2014 estão sendo implementadas para os jogos desse ano. O resultado dessa estratégia foi o aumento de homicídios e violações de direitos humanos desde então na cidade. O relatório da Anistia Internacional sobre essa situação, intitulado “A violência não faz parte desse jogo!”, mostra que em 2014 645 pessoas foram mortas em operações policiais e outras 100 já em 2016. A imensa maioria dessas pessoas são jovens negros e moradores de periferias.

Para executar operações em favelas, onde o Estado supõe que estejam as maiores ameaças à tranquilidade do evento, as autoridades já anunciaram que 65 mil policiais e 20 mil soldados das Forças Armadas estarão envolvidos na segurança dos Jogos Olímpicos. Já é a maior operação policial da história do Brasil e sabemos que a segurança fornecida será para alguns gringos brancos e ricos, às custas do assassinato em massa de jovens negros vistos pelos governos e pelas polícias como um perigo em potencial.

Historicamente, o estado brasileiro foi projetado e criado para proteger os interesses das elites brancas, e a exploração e o extermínio do povo negro e indígena sempre foi visto como operação padrão das políticas públicas implementadas pelos diversos governos que tem chefiado as forças policiais. 2016, para o povo negro do Rio de Janeiro, será lembrado como mais um ano de massacre e todas as manifestações contra esse genocídio serão brutalmente reprimidas, como foram em 2014 ou de forma ainda pior.

Alguns rumores de possíveis ataques terroristas do Estado Islâmico durante os jogos tem alarmado algumas pessoas. Mas devo lembrar que as policias brasileiras são as que mais matam no mundo e seu alvo principal são corpos negros e jovens. Nós, infelizmente, já temos aqui os terroristas que nos assassinam todo ano.

O que pedimos é que vocês, irmãs e irmãos de outros países, além de assistir os jogos, deem atenção para o que vai acontecer também, se não principalmente, fora dos estádios, nas ruas e nas favelas. Os planos de segurança anunciados dão pistas de uma onda de violações aos direitos humanos e mortes em operações policiais com a justificativa de combate ao terrorismo. Mais do que nunca, o povo negro no brasil precisará de sua solidariedade e seu apoio.

Nossa luta é uma só. Vidas negras, no Brasil e no mundo, importam!

– Leia o relatório da Anistia Internacional a respeito dos Jogos Olímpicos: “A violência não faz parte desse jogo!”

By Robin Batista*, AFROPUNK contributor

Picture credit: Vinicius Gomes

*Robin Batista is a Brazilian designer and AFROPUNK’s contributor. Follow him on Facebook and Instagram.

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