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interview: brazilian rapper yzalú talks misogyny and queerphobia in local hip-hop scene and how she’s changing it

June 13, 2016

Brazilian rapper Yzalú, known for using her music as a way to express her position on social issues. And her new album, “Minha Bossa é Treta”, uses different genres as a soundtrack to talk about love while touching social problems.

Yzalú started making music around 2000’s at the outskirts of São Paulo, where she grew up, doing acoustic versions of well known songs in the Brazilian hip hop scene at the time. Her musical work has been developed at the same time that racial and gender issues themes are becoming more prevalent within music and art in Brazil. We interviewed the rapper to know how she thinks those questions.

By Robin Batista*, AFROPUNK contributor

Robin Batista: How and when did you start rapping? What made you become interested in making music?
Yzalú: I started rapping around 19 years old after participating in the Essência Black group, it was at the end of 2003, when I made my first rap song with an acoustic guitar. My interest in music came when I first met the acoustic guitar and nothing else mattered anymore, I just wanted to make music.

Robin: Sometimes the Brazilian hip hop’s freedom discourse comes up against some contradictions and we see that many men still feed prejudices against women and LGBTs entering the scene. From your experience, how is to be a woman and get into the hip hop scene in Brazil?
Yzalú: It is a constant challenge. However, I understand that it is a process of readaptation of culture and of the people who are on it toward respecting and understanding that the marginalized people who identifies with rapping music are not only the “straight bros” from the hood, but also the woman, gay, lesbian, trans people. They like it or not, rap music covers all this marginalized layers of society. If someone doesn’t accept this reality, I’m sorry for them, but rap music is universal.

Robin: You grew up listening and making rap music. Do you think that, in these recent years, the rap scene has matured in Brazil? Your first album, “Minha Bossa é Treta”, released this year, has samba jazz, afrobeat and MPB (Brazilian Pop Music) references. How do you think the younger audience currently receive this kind of non limited rap music works?
Yzalú: Rap music was always mature in my view. The difference is that today we are reaping the fruits from what has been done back there and I believe that one of the key achievements is the creative freedom, either it’s a rhyme or a musical arrangement. “Minha Bossa é Treta” somehow prints that freedom. The younger rap music audience is still discovering me actually, because it is a new work, even though I have already been a certain time in the scene and they have received my music very well.
Robin: Your work talks a lot of issues involving black and minority women. In a political and social environment of uncertainty, how do you see the uprising of black women that has happened in Brazil? What changes it can bring socially?
Yzalú: I see it the best way possible. I believe that black women has had more space for speech, which is still little, but I feel very glad to see black women like Djamila Ribeiro and Gabriela Vallim getting important positions in São Paulo City politics because we are talking from another view and another perspective and I have no doubt that those are the main factors of real change.

Robin: Having been born and grown up in a peripheral neighborhood, do you believe that peripheral, independent music production, from Brazilian funk to rap, has the ability to stimulate changes in social relations in Brazil or the poor neighborhoods can’t turn its music and criticism in tools for social and political transformation?
Yzalú: Absolutely yes. Also because these two cultural expressions together are what brings some balance, mainly to the outskirts regions. The language used in our peripheral culture approaches the audience becoming clearer issues that often seemed distant and inaccessible. And it is a fact that it provokes an impact on our relationships and lifestyle.
Watch her new videoclip and listen to the new album below and follow her on Facebook:

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PORTUGUÊS:

A rapper brasileira Yzalú, conhecida por usar sua música como forma de expressar seu posicionamento a respeito de temas sociais, junta em seu novo album, “Minha Bossa é Treta”, estilos diferentes para conseguir falar de amor ao mesmo tempo em que toca em problemas sociais.

Ela começou a fazer música por volta do ano 2000 nas periferias de São Paulo, onde ela cresceu, fazendo versões acústicas de músicas bastante conhecidas no hip hop brasileiro na época. Seu trabalho musical tem se desenvolvido ao mesmo tempo em que questões raciais e de gênero ganham espaço através da música e da arte no Brasil. Entrevistamos a rapper para saber como ela pensa essas questões:

Robin Batista: Como e quando você começou a cantar rap? O que te fez se interessar em fazer música?
Yzalú: Eu comecei a cantar rap mesmo com 19 anos, após ter participado do Grupo Essência Black isto no final de 2003. O primeiro rap que fiz no violão foi nessa época, e o meu interesse pela música veio quando eu conheci o violão, que foi aos 19 anos. Nada mais me importava, eu só queria tocar, tirar músicas.

Robin: As vezes o discurso de libertação do hip hop no Brasil esbarra em algumas contradições e vemos que muitos homens ainda alimentam preconceitos contra mulheres e LGBTTs que entram na cena. A partir de sua experiência, como é ser mulher e ocupar o hip hop nesse país?

Yzalú: É um desafio constante. No entanto, eu entendo que é um processo de readaptação da cultura e de quem faz parte dela no sentido de respeitar e entender que o marginal que se identifica com o rap não são somente os manos héteros da periferia, mas também a mulher, o gay, a lésbica, a trans, ou seja, o rap abrange toda a camada marginal dessa sociedade, então sinto muito por quem não aceita esta realidade. O rap é universal.

Robin: Você cresceu ouvindo e fazendo rap. Você acha que nesse últimos anos a cena do rap amadureceu? Seu primeiro álbum, “Minha Bossa é Treta”, lançado esse ano, tem referências de samba jazz, afrobeat e MPB. Como você acha que o público mais novo do rap atualmente recebe trabalhos assim, que não se limitam?
Yzalú: O Rap sempre foi maduro ao meu ver, a diferença é que hoje estamos colhendo os frutos do que foi feito lá atrás e acredito que um dos principais ganhos é a liberdade criativa, seja numa rima ou num arranjo. “Minha Bossa é Treta” estampa, de uma certa forma, esta liberdade. O público mais novo do rap ainda está me descobrindo na verdade, até porque trata-se de um trabalho novo, apesar de eu estar a um certo tempo na caminhada, e eles tem recebido de melhor forma a minha música.

Robin: Seu trabalho fala muita das questões da mulher negra e periférica. Em um ambiente político e social de incertezas, como você enxerga o levante de mulheres negras que tem acontecido no Brasil? Que mudanças isso pode provocar socialmente?
Yzalú: Vejo da melhor forma possível. Acredito que atualmente a mulher negra tem tido mais espaço de fala, o que ainda é pouco, mas me sinto muito feliz, por exemplo, por ver mulheres negras como Djamila Ribeiro e Gabriela Vallim assumindo cargos importantes na política de São Paulo porque estamos falando de outro olhar e de outra perspectiva e sem dúvida esses são os principais fatores da real mudança.

Robin: Tendo nascido e sido criada em bairro periférico, você acredita que a produção musical periférica e independente, do funk ao rap, tem a capacidade de estimular transformações nas relações sociais no Brasil ou as periferias ainda não conseguem transformar sua música e suas críticas em ferramenta de transformação social e política?
Yzalú: Sem dúvida que sim. Até porque essas duas manifestações culturais juntas é o que traz o equilíbrio, principalmente para a periferia. A linguagem utilizada em nossa cultura aproxima o público tornando mais claras questões que muitas vezes pareciam distantes e inacessíveis e é fato que há um impacto nas relações e no nosso estilo de vida.

Veja abaixo o novo videoclipe de Yzalú, ouça seu novo album aqui e a siga no Facebook:

*Robin Batista is a Brazilian designer and AFROPUNK’s contributor. Follow him on Facebook and Instagram.

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