Music
interview: meet the young afro-brazilian women behind social and eco-conscious traveling thrift shop original favela
Black, young Brazilians have confronted racism and poor conditions by using their creativity to build other kinds of circumstances that deviate from what has been imposed onto them. They are doing a lot of innovative things in music, visual arts, academia, political militancy, and in fashion.
An awesome example of this is Original Favela, an itinerant thrift store that has encouraged people to reuse and modify used clothes, in addition to promote different kinds of black beauty. We interviewed Iris Ingrid, 20-years-old, founder of Original Favela, and we talked a little about the project.
By Robin Batista, AFROPUNK contributor
What is Original Favela? How did it come up and what was the goal from the beginning?
Original Favela is a thrift store that has origin in the streets, it reminds us of our origins, our torn shoes, the looks from those who don’t understand anything about our trend. I always wanted to have a physical thrift store. One day, after being kicked out of a job, I had decided that I would earn my own money, I wouldn’t punch the clock anymore or follow others. So I sent a message to my best friend, Anne Oliveira (22-years-old), and we decided to start our thrift-store, and since then we have dived straight in it.
Do you think that reusing and modifying clothing has any impact on how people dress and face fashion?
Yes, some people are learning how to deal with, respect and accept this style as something common, so normal for us and no different for them. We are dealing with a crowd that is looking to acquire this style, and frankly, this is not about saying “I will try to wear my best clothes.” There is the problem. We dress as we like to, the way we feel good, no matter what fashion trends suggests and we also wear what fits into our budget. Today a lot of people suddenly started to find it cute and beautiful and started to like it. But once they used to think of it as ugly, slum-dweller thing.
Most models photographed in your social networks to promote the thrift-store clothes are black. Any work involving fashion that has black people as model and target audience gets far from the fashion standard, especially in Brazil. What is the importance of this for you?
Well, Anne and I are black and we love thrifting! We always followed those well known thrift stores, etc. But before all of this, we realized: there is no black models on most pages on internet and those who are black usually follow a pattern of “the beautiful black person”, and already has millions of likes or already model for many brands. So we decided that we would enjoy black beauty, yes, but we would rather choose that black girl who doesn’t realize how beautiful she is or that black girl that nobody has ever seen. Some of our models are our friends, actually the most them are, like our cousins or childhood friends. But the central idea is to offer something different, a beauty that doesn’t appear in most black pages on internet. The importance is to differentiate and appreciate our race.
Original Favela is an example of alternative entrepreneurship led by black, young people who comes from outskirts areas. What is the impact of that in your life?
Look, when we created the page we wanted to be able to earn some money doing what we like. Then some friends were getting together, as well as some people who have become our friends. Doors and opportunities have opened from there. During our first exhibition, I suggested to some people who were buying clothes: “Hey girls, follow our page, search for Original Favela on Facebook” and they replied: “My God! Is it the Original Favela? Girls, I’m looking for you for so long time. You are wonderful” I looked at Anne with a huge smile and said: “We’re gonna take over the world, I bet all my chips on us and we will have a lot of success”! Since then we have been getting a lot of proposals and, from the bottom of our hearts, sometimes we ask ourselves if we are really the ones who are doing all of this. We are working hard. But the response has been incredible, we love what we do.
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Jovens negras e negros brasileiros tem enfrentado o racismo e condições de pobreza usando sua criatividade para construir outros tipos de relações que fogem do que é imposto a eles. Elas e eles estão criando muitas coisas novas na música, nas artes visuais, na academia, na militância política e na moda.
Um ótimo exemplo disso é o Original Favela, um brechó itinerante que tem encorajado as pessoas a reusar e modificar roupas usadas, alé, de promover diferentes tipos de beleza negra. Nós entrevistamos Iris ingrid, que tem 20 anos de idade e é criadora do Original Favela, e nós conversamos um pouco sobre o projeto.
O que é o Original Favela. Como surgiu e qual era o objetivo desde o início?
O Original Favela é um brechó de origem de rua, nos faz lembrar nossas origens, nossos boots rasgados, os olhares de quem não entende nada sobre a nossa tendência. Eu sempre quis ter um brechó de loja física, um dia após ter sido mandada embora de um emprego, eu havia decidido que eu iria ganhar meu próprio dinheiro, eu não iria mais bater ponto, nem seguir ordens. Mandei uma mensagem pra minha melhor amiga Anne Oliveira e decidimos começar, e desde então resolvemos mergulhar nisso.
Vocês acham que reaproveitar e modificar roupas usadas tem algum impacto na forma como as pessoas se vestem encaram a moda?
Sim, algumas pessoas estão aprendendo a lidar, respeitar e aceitar esse estilo como algo comum, tão normal pra gente e não diferente pra eles. Tanto é que estamos lidando com uma galera que está querendo adquirir esse estilo e, sinceramente, não se trata de uma moda ou dizer “vou procurar minha melhor roupa”. É aí que está o problema, a gente se veste como gosta, como se sente bem, sem se importar com o que a moda sugere e também vestimos o que cabe em nosso orçamento. Hoje muita gente de repente passou a achar bonitinho, lindo, passou a gostar. Só que antigamente achavam feio, favelado.
A maioria dos modelos fotografados em suas redes sociais com as roupas do brechó são negros. Qualquer trabalho que envolva moda e que tenha pessoas negras como modelo e como público foge bastante do padrão da moda, especialmente no Brasil. Qual a importância disso para vocês?
Bom, eu e a Anne somos negras e amamos Brechó! Sempre seguimos esses brechós visados de redes sociais e etc. Diante disso tudo, nós percebemos: não há modelos negros na maioria das páginas e os que são negros, seguem um padrão do “negro lindo”, que já tem milhões de likes, que já pousam para muitas marcas. Então decidimos que iríamos aproveitar a beleza negra, sim, só que preferiríamos escolher aquela menina negra que não percebe o quão ela é linda ou aquela menina negra que ninguém nunca viu. Algumas das nossas modelos são nossas amigas, na verdade são a maioria, primas, amigos de infância. Mas a ideia central é propor algo diferente, uma beleza que não aparece na maioria das páginas de negros. A importância é se diferenciar e valorizar a nossa raça.
Original favela é um exemplo de empreendimento alternativo liderado por pessoas negras, jovens e que vem da periferia. Qual é o impacto disso na vida de vocês?
Olha, quando criamos a página a gente queria muito conseguir ganhar uma grana fazendo o que a gente gosta, ai foi aparecendo alguns amigos, pessoas que se tornaram nossos amigos, portas foram se abrindo, oportunidades e tudo por amor. Quando rolou nossa primeira exposição, eu sugeri a algumas pessoas que foram comprar roupas: “meninas, sigam nossa página, procurem por Original Favela” e elas responderam: “meu Deus vocês são o Original Favela? Meninas, eu estou procurando por vocês há muito tempo, vocês são maravilhosas”. Eu olhei para a Anne com um sorriso enorme e falei: “vamos dominar o mundo, aposto todas minhas fichas em nós e que vamos ter muito progresso”. Desde então a gente vem recebendo muita proposta e, de coração, as vezes nos pergutamos de somos nós mesmas que estamos realizando tudo isso. Estamos trabalhando muito. Mas o retorno tem sido inacreditável, nós amamos o que fazemos.
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*Robin Batista is a Brazilian designer, student in Afro-diasporic Visual Arts and AFROPUNK contributor. www.facebook.com/robiefreakcode
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